teste

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Nem o bê-á-bá


O ministro da Fazenda afirmou recentemente que “o câmbio não é instrumento para controlar a inflação, o instrumento é o juro”. Poderia ser uma indicação que, finalmente, as coisas passaram a fazer sentido no Ministério, mas, sério, a (merecida) má reputação na condução da política econômica não se conserta tão facilmente, como veremos.

De fato, ao mesmo tempo em que o distinto ministro tece loas ao uso da política monetária para controlar a inflação (a mesma em que manifestava descrença até há pouco), alega que o país mantém uma taxa de câmbio flutuante, “desde que o dólar flutue dentro de um patamar de competição para a indústria”, ou seja, que permaneça ao redor de R$ 2,00/US$. Não é necessário ser nenhum gênio em termos de semântica ministerial para perceber que de flutuante nossa taxa de câmbio tem muito pouco, talvez nada além de um rótulo vencido.

Estas duas afirmações, porém, são inconsistentes e me surpreenderia se fossem feitas por um economista bem treinado. Neste caso não houve surpresa alguma.

A começar porque, se o câmbio não é um instrumento para controlar a inflação (pelo menos não num regime de câmbio flutuante), ele é certamente um dos canais por onde opera a política monetária. Alterações nas taxas de juros tipicamente afetam preços por uma variedade de canais de transmissão: a escolha entre consumir hoje ou no futuro, o encarecimento (ou barateamento) do crédito, as expectativas de inflação e também a taxa de câmbio.

Tudo o mais constante, uma redução da taxa de juros tende a desvalorizar a moeda, e, portanto, elevar os preços dos produtos que podem ser importados ou exportados (“comercializáveis”). E, como seria de se esperar, uma elevação da taxa de juros gera um efeito simétrico, reduzindo os preços dos “comercializáveis”.

Caso, porém, a taxa de câmbio seja, de alguma forma, impedida de se alterar em resposta às taxas de juros, porque sairia do “patamar de competição para a indústria”, o BC perde um dos canais de transmissão. Consequentemente, caso embarque num processo de ajuste da taxa de juros para conter a inflação, se verá obrigado a fazer um esforço adicional em termos de elevação da Selic para obter o mesmo resultado que obteria caso o canal cambial não estivesse obstruído.

Em outras palavras, com o câmbio fixo por determinação ministerial, o BC teria que subir mais o juro do que sob câmbio flutuante. Isto já seria o bastante para levantar sérias dúvidas sobre a capacidade de execução da política monetária, mas há outro problema, bem mais grave.

Se a taxa de câmbio é fixa, torna-se mais difícil para qualquer BC da galáxia executar uma política monetária independente. A elevação da taxa de juros tende a gerar um ingresso de dólares. Num regime de câmbio flutuante, isto se transforma numa moeda mais forte; já sob câmbio fixo, o BC se verá obrigado a comprar estes dólares via emissão de moeda, a qual, em seguida, será trocada por títulos públicos da carteira do BC, para evitar que a taxa de juros caia. Isto, porém, leva a novas rodadas de ingressos de dólares, restabelecendo o problema.

Muito embora o governo possa (e certamente tentará) erguer novos obstáculos à entrada de moeda estrangeira, a experiência nacional (leia-se Marcio Garcia e vários coautores) mostra que estes controles são geralmente ineficazes.

Não há, portanto, como fazer da taxa de juros o instrumento de controle da inflação sem permitir, simultaneamente, que a taxa de câmbio flutue, seja para dotar a política monetária de um canal relevante de transmissão, seja para que esta possa ser determinada de forma autônoma.

Isto nada mais é do que o bê-á-bá da gestão de política monetária numa economia aberta a fluxos de capital. O fato do ministro da Fazenda ignorar tais restrições ajuda, e muito, a entender os motivos da piora de desempenho do Brasil nos últimos anos.

- O instrumento é o juro, não o câmbio
- Mas aí o juro sobe muito
- Então usa o câmbio
-Mas o instrumento é juro, não o câmbio
- Então sobe o juro
...


(Publicado 20/Fev/2013)

112 comentários:

Esse cara subverte o conceito primário de falar pouco e ser enigmático para tentar sugerir alguma sabedoria.
Mas voltando ao tema preferido: agora que devolveram a autonomia, veremos se a liberdade é vigiada ou não. Acho que a tornozeleira está ali, mas nada impede o BC de fazer um trabalho coerente. Sempre repeti, desde que os juros foram marretados, que conheceríamos o BC na alta de juros.
Maradona


Alex, o que se pode dizer sobre eficácia de intervenções esterilizadas no Brasil? Isto porque, certamente, podemos pensar que a equação fecha desde que tais intervenções tenham êxito. A evidência empírica no resto do mundo é contraditória, que eu saiba, mas aqui no Brasil não sei se alguém já testou isso.

O Brasil cresce pouco pois vive um momento de "debt deleveraging"

Enquanto nenhum economista levar isso mais a serio, continarão atirando no escuro. Voce mesmo previa 3% de crescimento em 2012.. Não entende que crescimento é PIB + MUDANÇA DE DIVIDA PRIVADA.

2010 tambem tinhamos os mesmos problemas, o que aconteceu foi um grande endividamento privado, acarretando em um alto crescimento

Eu sou graduando ainda, e a relação debt deleveraging com baixo crescimento é gritante..

Vamos olhar pra divida porra!!

Alex, qual o pass-through de câmbio pra inflação?

Ele não é demasiado pequeno? Muita gente bate nessa tecla. Teoricamente, faz sentido. Mas o que os dados dizem?

Quero ver a inflação não cair agora!

"Dilma negocia compra de baterias antiaéreas russas com Medvedev" OESP.

"O Brasil cresce pouco pois vive um momento de 'debt deleveraging'"

graduando, o que voce anda usando na faculdade hein? pelamordedeus...

o estoque de crédito cresceu 16,2% em 2012. Isso é "debt deleveraging" em que faculdade??

Ta cara, eu nao sou graduando.. só li um livro do steve keen e postei qualquer comentario aleatorio aqui sobre debt deleveraging

foda-se!! vou voltar pro EGO

Alexandre,

Tenho dúvidas sobre a não-eficácia dos instrumentos de política cambial.

Li um excelente trabalho empírico recentemente, pena que ainda não publicado, mostrando exatamente o contrário.

Att,

Economista X

é alex.. da uma explicada na relevancia do "canal cambial" sobre a inflação.. pq tem pterodactil falando q na verdade o BC faz metas de inflação só atraves de cambio e não sabia

Parabéns pela participação no jornal da cultura hoje.
Pegou pesado como se deve.
Falarem que a recepção hostil recebida pela Yoani tem a ver com não concordarem com o embargo é fora de propósito...
Se realmente for isso (mas não é), é protestar da forma errada e bater em quem não tem nada com o assunto...
''Esse pessoal'' merece o tom pejorativo.

abs
Alkeos

A elevaçao da taxa de juros tende a gerar um ingresso de dolares,ensina Alex. Isso porque os juros nominais aqui sao juros reais para os gringos?

As manifestações contra a jornalista e blogueira Yoani Sanches são feitas por profissionais bem pagos (sabem controlar multidões). O PT de rabo preso por doações recebidas no passado. Vergonha é ver um deputado falar no plenário e defender a ditadura familiar mais sanguinária dos tempos atuais (deve ser obediência para pagar doações passadas). Só no Brasil para ver tanta ignorância. Esqueceram da queda do muro e da declaração de Krushev: que socialismo bom é este que precisa de construir muros para que não fujam? Se fosse bom estaríamos construindo para que não entrassem.
Ter imprensa livre e não querer saber é próprio de marionetes. É semelhante a ler um testo de economia de qualidade e querer criticar sem saber nada. Não saber escrever sobre economia é aceitável. Mas ler textos que são aulas claras, racionais (como os do autor deste blog), bem fundamentadas e perseverar no erro é demais. É teimosia.

Economista X,

Esse trabalho era do Modenesi-cambio-enthusiast? Porque se for, Modenesi e "excelente trabalho" não costumam ficar na mesma frase a não ser quando estão separados por "não sabe fazer um"

"Esse trabalho era do Modenesi-cambio-enthusiast?"

Não.

Economista X

Alex ou "O", sem querer abusar da vossa paciência, quais seriam os melhores PDFs do site do BCB, no que tange explicar a politica monetaria brasileira? Eu ja sei desse : http://www.bcb.gov.br/pec/wps/ingl/wps01.pdf

tem alguns outros?
abraços

BC mexendo no redesconto!

Será que vem algo ruim mais a frente?

Sou aluno da UFRJ e eu passava meu tempo livre lendo coisas do Sicsu, Serrano, blog do Oreiro et al. Depois de descobrir esse blog (faz 1 ano +ou-) através de uma entrevista no Sardenberg (se não me engano) fui iluminado em direção do caminho da economia de verdade. Sei q é meio mela cueca eu vir te falar isso, mas continue com teu bom trabalho nesse blog, e principalmente com suas boas doses de humor acido, que você converterá mais inocentes que são expostos a contos de fadas frequentemente na graduação.

Antes eu pretendia fazer mestrado na UFRJ mesmo ou UNICAMP, e agora isso nem passa perto da minha cabeça... enfim, só queria dizer isso mesmo... afinal é importante alguem do "mainstream" botar a cara à tapa para desmistificar a quermesse, já que poucos se dão o trabalho ou tem a sua capacidade de faze-lo...(escrevi mt rapido, perdoe os erros de portugues...)
abs

Ou Modenesi foi meu professo na faculdade, fala mal dele não Economista X apesar de não concordar com quase nada que ele fale! rs

Muito boa, Alex, sua enquadrada na comuna no Jornal da Cultura:

http://www.youtube.com/watch?v=u0pHqQUTo5s&feature=youtu.be&t=11m45s

Parabéns!

Parece que vai emergindo mais um consenso INERCIAL: mais um jurinho,menos um cambinho. Depois vao chamar a inflaçao de inercial,nao o regime. Aliás,Tombini era especialista em custo de desinflaçao[BC/Texto109/2006],nao de custo de inflaçao.

É uma grande falta de abstração do senhor crer que somente a politica
monetaria é responsável pelo contro
le da inflação.

Belíssimos modelos econométricos provam o contrario.

"É uma grande falta de abstração do senhor crer que somente a politica
monetaria é responsável pelo controle da inflação."

Pacco Bara

gogo utor Nesen ho-wall kor mado olo karpo Manu.

Bara Bara

"De quem eh entao, imbecil?"

Te adianto que da tua mãe não é...

Abs

"O recém-criado Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep) se reúne na terça-feira para avaliar algumas ações emergenciais. Hoje, ocorre a primeira reunião de um grupo temático do conselho para costurar o primeiro esboço das medidas que serão levadas aos ministros da Agricultura, Fazenda, Desenvolvimento Agrário e da Casa Civil da Presidência."

Rumo aos 70's! É a ressurreição do CONEP. Pergunta? Qual o próximo passo?

a)Recriar o CIP;
b)Câmaras Setoriais;
c)Convocar o gordo pra dar uma acochambrada na inflação.

Os leitores do blog vão adorar:

http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/herald/brasil/dilma-pleiteia-oscar-de-melhor-roteiro-adaptado

"É uma grande falta de abstração do senhor crer que somente a politica
monetaria é responsável pelo controle da inflação."

--> Perfeito, concordo plenamente, afinal de contas a inflação é um fenômeno econômico real, que atinge duramente as rendas de todos, e não um mero fenômeno monetário, logo...

"Belíssimos modelos econométricos provam o contrario."

--> Deve ser alguma coisa usada nos países escandinavos. Modelos usados na Argentina tb ratificam essa ideia: eles supõe que todos os preços de uma economia são constantes, dessa forma, os juros não tem influência na inflação...

Lindo né! Que tal o meu exercício de abstração??? Mereço ou não mereço um prêmio??? Banco da Suécia, aí vou eu...

"Os leitores do blog vão adorar:"

Já coloquei no Face!

kkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkk

Gostei muitão do texto Advanced Modern Macroeconomics, do Max Gillman.

About the Book

Advanced Modern Macroeconomics, by Max Gillman, takes a new and modern approach to macroeconomic theory using microeconomic foundations. Building from the standard neo-classical models, Gillman has developed a new dynamic model which works to explain business cycles and unemployment, why you can have a banking lead recession as well as fiscal and monetary policy. Although strong in mathematical rigour all calculations in this text are fully derived and graphs provide a direct representation making it accessible.

This text consists of 20 Chapters. It is suitable for undergraduate students studying Advanced Macroeconomics courses. Chapters 1-7 or Chapters 1-10 could be an Advanced Undergraduate course in Macro. Chapters 10-20 would suit a Masters or First year PhD course in Macro. The second half of the book, starting in Chapter 10, provides dynamic analysis based on the Ramsey-Cass-Koopmans model, including derivation of AS-AD in the context, plus dynamic analysis with Lucas (1988) Human Capital - based endogenous growth, again including derivation of AS-AD in the context.
ALL OF THE ANALYSIS, AND ALL OF THE BOOK, IS WITH A CLOSED-FORM ANALYTIC SOLUTION. This involves solving systems of equations, and either a unique solution and at worse a quadratic equation with two solutions, but with one ruled out.
Advanced Modern Macroeconomics: Analysis and Application

Advanced Modern Macroeconomics provides a back-to-basics approach to macroeconomics. Requiring only a microeconomics background, the book is a comprehensive introduction to macroeconomics that builds the essential elements in a methodologically consistent fashion.

The book:

lays out elements of modern macroeconomics in a comprehensive, general equilibrium and fully accessible way.
uses a ‘micro-foundation’ approach so that every graph illustrates the exact example equilibrium that is derived from optimisation.
allows for a potential paradigm shift in macroeconomics by showing how the basic standard models can explain most crucial elements.
Features:

Applications in each chapter explore policy and how economics explains the real world.
All mathematical equations used to develop the theory are derived within the text or in appendices.
This book is essential reading for students of macroeconomics courses at both undergraduate and postgraduate level.
'Takes the undergraduate student to the frontier of macroeconomic research... a landmark contribution'

Charles Nolan, University of Glasgow

Uma mostra:

http://dragon155.startdedicated.com/wolfcms2/public/books/modern_macro/chap8.pdf

http://dragon155.startdedicated.com/wolfcms2/public/books/modern_macro/chap10.pdf

Este blog conseguindo alertar alguns estudantes de economia sobre as picaretagens a que são sujeitos já é um bom serviço prestado. Quatro anos de sacrifício e de sujeição a ignorâncias de professores despreparados (ou escravos de dogmas) não deve ser moleza.

"Sou aluno da UFRJ e eu passava meu tempo livre lendo coisas do Sicsu, Serrano, blog do Oreiro et al. Depois de descobrir esse blog (faz 1 ano +ou-) através de uma entrevista no Sardenberg (se não me engano) fui iluminado em direção do caminho da economia de verdade."

Ganhei o ano!

Alex, com 100/150 bps na mão, com alguma externalidade ajudando, dá para fazer o IPCA voltar à meta em 2014?
Acho que dá, mas IPCA decrescente em 2013 e 2014 é a meta! Em 2015 voltamos aos juros 1,5% ao ano e inflação 6%.
Dantas

Eu tb sou da UFRJ, mas admiro muito o Serrano. Crescer é uma questão de escolher... quer crescer quanto? 5, 10, 29, 35%? Use o supermultiplicador sraffiano.. idéia aprovada por Cambridge University

Eu não acho o serrano tão idiota quanto oreiro, sicsu e outros. Aliás, acho o Sraffa o mais bacana dos heterodoxos.. O estupro dele no Hayek é impagavel e a controversia do capital em Cambridge é interessante

Alem do mais sraffianos não tem a minima preocupação com cambio desvalorizado e não tem na taxa de juros algo importante para o investimento.. Eles merecem mais respeito do que outros heterodoxos

Alex, você e outros deveriam dar aula na UFRJ, uma faculdade sustentada por todos não pode ser refém de um pensamento tão mediocre.

Alexandre, ja deu uma procurada no teu nome no site do Nassif?

É bem recreativo ler as criticas de Nassif a teus textos.. recomendo

Alexandre,

Sei que vc não quer entrar nesse assunto, mas resumistes muito bem - "Pessoas que defendem ditaduras mrerecem ser tratadas de maneira depreciativa."

Ponto final!



"Rumo aos 70's! É a ressurreição do CONEP. Pergunta? Qual o próximo passo?"

É armar o esquema pra meter a mão na operação dos estoques

Em 2015, o Fed vai estar começando a puxar os juros, a China estará capegando pra rebalancear a economia, e, por aqui, estaremos até as tampas com inflação repressada pelas cagadas do Mantega, as canetadas do Agustim e a bunda molice do Tombini. Então, meu caro Dantas, eu não sei onde estará o juros ou a inflação, mas eu sei que estaremos f...

Com essa mentalidade de "100/150 na mão" nóis vai longe! Viva a Dirma!

Alex,

Muito boa a discussão sobre Cuba no jornal da Cultura, principalmente o desfecho em que você se referiu aos bate-paus pró-ditadura e anti-liberdade como aquele “pessoal”.

A única correção que faria à sua fala foi quando aquela senhora pró-violência de estado mencionou a caricatura de Cuba como bordel dos Estados Unidos. Quer dizer que ser bordel dos EUA não presta, mas ser bordel para canadenses, espanhóis e alemães é ok? Cuba é um destino de turismo sexual, hoje.

Irineu

Alguém próximo do Governo me falou que o Mantega está lendo detidamente o livro Advanced Modern Macroeconomics, do Max Gillman.

Este texto do Tombini deve ser a versao publicada do trabalho de racionalizaçao feito em 2003 para justificar a alteraçao da meta inflacionaria. Ate´ai,tudo bem.Na época era correto,acho.O problema é o homen ficar viciado em racionalizaçao de alteraçao de meta para cima e nao para baixo. 4,5% para 5,5%... a coisa começa ficar perigosa: qualquer choque fica sem espaço para acomodar.

Irineu,

Outra diferença é que anteriormente as prostitutas recebiam em dólares. Hoje, aceitam sabonetes, camisetas, uma bijuteria qualquer....homem que já foi pra Cuba sozinho sabe que o assédio de garotas se oferecendo por qualquer bugiganga ocorre direto.

A comparação entre Cuba e Alemanha nazista tem tanta substância quanto as comparações entre Israel/palestinos e Hitler/judeus feitas por alguns radicais de esquerda.

Todos os três são lamentáveis e vergonhosos, mas acontecem em contextos completamente diversos, como bem disse a comentarista gatíssima do Jornal.

Alexandre

Infelizmente a conducao da politica economica nao e o root cause do problema.

Voce discorda que ha um deficit intelectual no governo?

Compare o FHC com a Dilma, intelectualmente, e, importante, em termos de entender que 1) ha areas do governo em que se pode "screw around" e, por interesses politicos e a necesidade de se governar num estado democratico, sacrificar a tentativa de implementar politicas otimas ou boas, e 2) ha areas criticas onde voce precisa de competencia de primeiro mundo(Arminio, Malan, Goldfajn, etc).

Isso acontece em todo lugar do mundo. Nos US, ha cargos no governo que sao quase sempre ocupados por pessoas razoavelmente competentes (Fed, CEA, Defesa ex-Rumsfeld, State, Treasury, Energy) e cargos que sao muito mais politicos e apresntam variabilidade muito maior na qualidade dos quadros e na ecolha e execucao das politicas.

O fato que o PT e na verdade o unico partido com ideologia semi-coerente (o que nao significa benefica ao pais ao longo prazo, voce pode ser coerente e totalmente errado) e que tem quadros relativamente estaveis comprometidos com essa ideologia, criou o que temos ai.

E eles sao bastante inteligentes politicamente no que se refere a manutencao do poder (vide bolsa familia). Com uma oposicao em frangalhos, e dificil ter muita esperanca...



"A comparação entre Cuba e Alemanha nazista tem tanta substância quanto as comparações entre Israel/palestinos e Hitler/judeus feitas por alguns radicais de esquerda.

Todos os três são lamentáveis e vergonhosos, mas acontecem em contextos completamente diversos, como bem disse a comentarista gatíssima do Jornal."

Se você prestasse mais atenção no que foi dito, e menos na comentarista, teia percebido que meu argumento é que o desempenho da ditadura, seja no campo social, seja no campo econômico, nao serve para justificar a ditadura. E aí pode ser Cuba, Alemannha, China, ou Chile (sob Pinochet): nenhuma presta, independente dos avanços econômicos ou sociais que possam ter obtido.

Mas, para "este pessoal", há ditaduras que se justificam. Obviamente só as que comungam de suas ideologias.

Der resto, partido único, lider carismático, desrespeito a direitos individuais, censura à imprensa, limitações ao direito de ir e vir (a lista é enorme) são características comuns à China, Alemanha nazista e Cuba. E você acha que nao têm substância?

P.S. Lidere carismático na China se aplica, é claro, ao Mao.

Alex voce podia fazer uma compilaçao de "revisões" a textos economicos de Nassif no site dele, ja que ele fez inumeros a voce, especialmente entre 2006 e 2011

"E eles sao bastante inteligentes politicamente no que se refere a manutencao do poder (vide bolsa familia). "

Nao superestimo a inteligencia desse pessoal. O BF caiu no colo deles. Depois eles surfaram a onda das commodities. Agora estamos ficando para tras. E esse pessoal nao tem resposta. A Dilma eh burrinha. Nao conseguiu nem terminar um mestrado naquela piada de universidade da Unicamp. O Mantega eh uma desgraca. O Barbosa eh considerado o genio da turma soh porque ele consegue falar ingles semi-correto... O Coutinho eh um desastre. Povinho fraco. O negocio eh comprar titulo indexado a inflacao e esperar eles tropecarem. E se voce ainda possuir um apartamento no Rio, de esperto voce nao tem nada.

Alex e "O", o que pensam deste post pterodoxo de um Brasileiro que trabalha no BC argentino :
http://nakedkeynesianism.blogspot.com.br/2013/02/growth-in-argentina-again.html

Dizendo que até usando numeros não governamentais o crescimento Argentino é alto, etc.. da uma responsa por favor, no aguardo!

"Há anos faço a crítica dos “cabeças de planilha”, de sua incapacidade de entender a dinâmica da economia – especialmente em períodos de inflexão,

Limitam-se a montar correlações inexpressivas sobre séries não relacionadas, ignorar aspectos ligados diretamente às expectativas dos agentes, sem nenhuma sensibilidade para aspectos microeconômicos – essenciais para entender como os agentes responderão aos estímulos da política econômica.

Mas prevalecem-se do baixo nível de entendimento da cobertura financeira para impor afirmações taxativas, recheadas de um palavreado pomposo… e vazio. Como se o escasso instrumental teórico de que dispõe – e por instrumental teórico se entenda o conhecimento das correlações básicas da economia, e não as planilhas copiadas do exterior, que se aplicavam ao momento anterior, de ativos em alta - autorizasse a afirmar taxativamente como será o futuro.

Abaixo as afirmações de Alexandre Schwartsman, economista que ousou afirmar que Yoshiaki Nakano não entendia nada de economia."

ai meu pancreas

Olha o "O" disfarcando com alguns posts de Irineu... uahuahuahuahuah que ridiculo...

Todo mundo sabe que "O" e Irineu de Carvalho sao a mesma figura... Pare com a palhacada!

abs

"O", pergunta bem interesseira: vc acha que os preços dos imóveis vão cair. É isso que vc insinuou no comentário de 15:46?

Ah, os microfundamentos da economia nassifiana...

Na boa, ser criticado pelos Nassif é o maior elogio que qualquer economista sério pode desejar.

>Nao superestimo a inteligencia desse >pessoal.

Estao no poder a uma decada...alguma coisa certa ou melhor (politicamente e em termos eleitorais), eles devem ter feito...pelo menos bem melhores que a oposicao


>Povinho fraco.

estao destruindo as instituicoes e acabando com com a estabilidade conquistados nos anos 90. fracos nao, horriveis.

Alex.. pode fazer um comentario sobre o link que eu postei da economia argentina analisada por um brasileiro q trabalha no bc de la?


http://nakedkeynesianism.blogspot.com.br/2013/02/growth-in-argentina-again.html

"O" , também gostaria de saber sua opinião quanto aos preços dos imóveis no Rio, pois pretendo comprar um na Barra da Tijuca. Como vc bem sabe os preços estão altíssimos, acha que se sustentam?

aguardando o post sobre argentina ,....

“Dizendo que até usando numeros não governamentais o crescimento Argentino é alto, etc.. da uma responsa por favor, no aguardo!”

É um argumento trapaceiro. Ele credita a retomada depois da crise ao período de políticas keynesianas e não ao preço do soja. Ele mente que o período neoliberal teria começado mais cedo do que começou de fato para fingir que as políticas kirchneristas são novas e suas similares não fracassaram no passado.

Uma história bem diferente é que depois de décadas de governo populista (com alguns períodos curtos e logo revertidos de governos pró-mercado), o Menem veio, implementou reformas neoliberais, conseguiu reduzir a inflação e fazer a economia crescer novamente. Entretanto, teve o azar de pegar meia década de preços de commodities baixos no final dos anos 90 e o erro de adotar um regime cambial pouco flexível. Daí veio a crise que foi um desastre tremendo e a retomada que foi em grande parte devido a fatores externos (preço das commodities). Desde então, o governo argentino é um desastre, confiscou a poupança da classe média, mente sobre a inflação etc.

“pergunta bem interesseira: vc acha que os preços dos imóveis vão cair. É isso que vc insinuou no comentário de 15:46?”

Eu não recomendaria para ninguém ter mais do que 10% de sua riqueza em imóveis no Rio.

"O"

mas ele mostrou um grafico que os termos de troca Brasileiros são superiores aos da Argentina, e mesmo assim a Argentina cresceu 5,8% ao ano (numeros não-governmanetais segundo ele) e o Brasil só 3 e pouco

Ao invés de perguntar ao O, vá estudar para saber por si mesmo. Pegue uma copia do Advanced Modern Macroeconomics, do Gillman, e leia-lo de começo a fim, de izquerda a direita e de acima para abaixo.

A Argentina tornou-se uma economia Brasil dependente (se não fosse o Brasil estaria fechada para o mundo). A sua indústria automobilística renasceu para atender a demanda brasileira. Conseguiu ser ultrapassada pela Colômbia e ter o Chile nos calcanhares. Os investimentos externos quase zeraram. Começaram desvalorizando a moeda artificialmente e agora estão tentando segurar a inflação com câmbio (são desonestos e ignorantes). Estão sempre querendo tirar de alguém desonestamente. Provocaram a fuga dos investidores (só ficaram os protegidos). A Petrobrás não consegue sair de lá. Não existem interessados honestos. Só os protegidos que querem comprar a preço de banana (desvalorizam para comprar barato.). É o método do Brizola e da turma da esquerda derrotada (as viúvas desoladas). Na verdade são desonestos (querem sempre culpar e roubar de alguém.). A Argentina, com as melhores terras do mundo, conseguiu virar um país pobre. Buenos Aires virou uma cidade pobre. E os números? Foram colocados sob suspeita pelo FMI (e olha que o FMI é muito liberal). Se o Brasil fechar-se para a Argentina ela quebra e vira um nada. É pena pois poderia ser uma economia rica (conseguiram ser pobres por desonestidade).

“ É pena pois poderia ser uma economia rica (conseguiram ser pobres por desonestidade).”

Concordo. Com suas raras exceções, é um país de trogloditas sem educação, covardes (*) e desonestos. É até difícil entender como eles conseguiram chegar onde eles estão, tendo partido de onde eles começaram. O Getulio pode ter sido horrível mas comparado com o Perón, ele parece um George Washington.

(*) Sim, covardes. Um setor privado que aceita ser expropriado tantas vezes pela classe política merece ser chamado de covarde, sim senhor.

Alex, é que a maneira como você colocou no jornal passa a impressão de que atrocidades humanitárias cometidas na Alemanha nazista (a primeira imagem que vem à mente quando se fala nisso) se repetem em Cuba, o que não é verdade.
Provavelmente ocorreram em mesma dimensão na URSS de Stalin, só pra que não apreça que estou defendendo ditaduras de esquerda.

Mas concordo totalmente com o que você escreveu acima.

qualquer pessoa que ja visitou buenos aires sabe do nivelzinho dessa gentalha.. e nao eh so questao de serem burros, eles tambem sao trambiqueiros (mais do que os cariocas) e desonestos.. o proprio ritmo do castellano deles ja denota um certo ar de querer passar a perna em voce...

enfim a burrice pode ser maior do que qualquer "restricao externa" heterodocha
(teclado sem acento)

Alex,

Tu conhecestes o Reinaldo Gonçalves da UFRJ?

O Merval Pereira na sua coluna deu espaço para que ele debatesse os números mentirosos dos anos do PT no poder. Se leu, o que achou?

Caro Alex,
Parabéns pelo desempenho no Jornal da Cultura. Você se segurou muito bem.
A senhora era super charmosa, mas - deus do céu - quantos chavões quando abria a boca! E muito mal informada também...
Parabéns e obrigado!


Qual exatamente é o impacto das imperfeições do IPC, no que tange à desvirtuações dos reais avanços da economia na epoca FHC? Acho que o bem-estar cresceu muito mais do que simples numeros deflacionados indicam

abs, el graduando

O argentino é burro? E o brasileiro manda muito bem! Me parece um viciado em crack falando de um alcólatra. Somos merda de diferentes procedências, mas fedemos da mesma maneira.
Maradona

algum link do alex no jornal da cultura?

obs : tente avizar quando for aparecer na midia

Com 100/150bps na mão devidamente escondido do mercado e a volta do discurso de que "iremos até onde for preciso" sinalizando que voltar para perto de 10% não seria problema, você não acha que se conseguiria garantir um IPCa declinante?
O BC já está falando em esquecer o câmbio e que a conversa é com os juros. Em semanas vai encerrar o papo de "altas menores que antes" e se mostrar novamente um cético com a convergência pela força do pensamento. O timing segundo a ata seria maio/jun, agora parece que tá batendo um desespero no Tombini.
Enfim, 7,25% ou 8,75% são números diferentes o suficientes para promover uma inflexão na inflação se tudo caminhar bem.
Maradona

George Washington? Aquele que era dono de escravos e lutou para que os que fugiram de seus senhores americanos em direção às linhas inglesas durante a guerra de independência fossem devolvidos? Bom, realmente, ele não era desonesto e covarde. Defendia com ardor a propriedade (*). Grande estadista da liberdade...

(*) Desde que não se considere seu papel de liderança no avanço sobre a América francesa um roubo duplo: de terras indígenas e de territórios do rei da França.

Os cariocas são desonestos?? Ahamm...ok! Afinal de contas a cúpula do PT veio do Rio, juntamente com o Maluf e o Renan Calheiros, sem falar no Sarney, etc.
Como todo preconceituoso não passa de um idiota.

João Paulo,

George Washington foi um dos maiores politicos da história de qualquer país. Ele poderia ter se tornado um ditador, até um rei, mas preferiu trabalhar para institucionalizar um regime democrático (ainda que imperfeito inicialmente) em seu país. As instituições que Washington construiu são o que permitiu os EUA se tornarem a nação mais próspera e poderosa do planeta.

“O”

ver "O" destruir aqueles blogueiros argentinos (pasmem, um deles trabalha no banco central de lá) é impagavel... pqp voces 2 sao meus herois cara

"ver "O" destruir aqueles blogueiros argentinos "

link por favor

George Washington, assim como a ampla maioria dos founding fathers (exceção, talvez, ao Jefferson) tinha horror à democracia. Eles queriam era uma república, coisa diferente.

Mas não se deve demoniza-lo. Tampouco idolatra-lo. É aquele papo do "homem de sua época", blá-blá-blá.

A Yoani Sanchez sempre se manifestou contra o embargo dos EUA contra Cuba. Porque "esse pessoal" então protesta contra ela? Não estão todos do mesmo lado?



Irineu de carvalho Filho e "O" são a mesma pessoa.

Tá ridícula isso já...

O cara ia postar como "O" e saiu como Irineu... auhauhauhauhau que vergonha... Tá obvio que são a mesma pessoa...

abs

Entendi JP, ele não era nenhum Lula. É isso?

"George Washington, assim como a ampla maioria dos founding fathers (exceção, talvez, ao Jefferson) tinha horror à democracia. Eles queriam era uma república, coisa diferente. "

Isso so pode ser motivo de admiracao seu jegue, desde o inicio se procurou evitar a tirania da maioria e garantir os direitos individuais.

"O".. qual a versão de vocês pra infllação argentina?

Porque eu faço parte (é ridiculo eu sei) de um grupo no yahoo de academicos argentinos chamado "inflacion heterodoxa" onde eles ainda acham que os """neoliberales""" (mil aspas pra esse termo) acreditam na TQM, e que o mainstream culpa a emissão monetaria pra inflação, o que é um absurdo, que eu saiba a TQM ja morreu faz algum tempo.

Seria a politica fiscal deles? (A capacidade insalada na industria deles e bem baixa, segundo o grupo)

Enfim, da uma pincelada nisso por favor.. abração

Hahaha. Mas, sério "O", não. Meu ponto é que essas comparações são, na maior parte das vezes, absurdas.

"Isso so pode ser motivo de admiracao seu jegue, desde o inicio se procurou evitar a tirania da maioria e garantir os direitos individuais."

Defina início e quem procurou. Garanto que vc ignora que esse medo não era da totalidade, quiçá nem mesmo da maioria, dos envolvidos no processo que levou à independência. Quanto aos direitos individuais eles "apenas" excluíram a liberdade de uns 600 mil indivíduos (boa parte dos quais via mais garantias sob a bandeira do rei George, aqueles ignorantes!), reduzidos a mera propriedade. No mais, visavam manter a restrição do direito ao voto da ampla maioria. Os tais direitos individuais que vc fala do alto da sua simplificação iletrada era a negação dos mesmos para amplos setores da população (o sufrágio universal só foi alcançado nas gerações posteriores aos dos formuladores da constituição). Não sei quanto a vc, mas me parece que pior que a tirania da maioria é o da minoria, que é o que o regime assegurou ao institucionalizar a escravidão e fazer com que o sul tivesse por décadas o poder político que todos (todos?) sabemos que teve.

No mais, leia algo mais que resumos de Tocqueville. Um anônimo ilustrado é sempre melhor do que um anônimo cabotino.

JPR, você acha que o escravocrata seria equivalente ao corrupto de hoje? Pergunto sem provocação.
Daniel

JP,

O que você está falando é um absurdo, dizer que a Revolução Americana restringia o direito ao voto... Comparado com o que, bwana? Havia no mundo ocidental (ou fora dele) alguma outra nação-Estado onde direitos políticos eram tão BEM distribuídos quanto na América de George Washington àquele tempo? Não, não havia, e é por isso mesmo que George Washington talvez tenha sido o mais admirável estadista da Era Moderna (logicamente, Lula é hors concours, afinal ele conseguiu criar uma nação a partir de um dedo mindinho).

Você nega que é petista mas você é o perfeito retrato do zeitgeist petista. Não pode admitir que algum estadista pode ser mais admirável que outros apenas como ginástica intelectual para justificar os crimes do Zé Dirceu ou o apoio moral irrestrito que o PT oferece à falta de liberdade, censura, tortura em Cuba.

Sua posição é bem similar ao nihilismo moral da turma do Zizek (algo como: “Como você ousa dizer que a forma de organizar a sociedade na Suécia é superior àquela da Coréia do Norte? A elite sueca peida no elevador. Em alguns sistemas de valores, o peido no elevador é uma violência maior do que um Estado torturador. Como você não compartilha dos valores culturais de um norte-coreano, criticar seu regime é uma forma de colonialismo cultural, pois não pode determinar se ele prefere viver sob as regras da sociedade burguesa que peida ou em um campo de concentração com uma alimentação frugal e deixando uma pegada de carbono mais leve.”)

“O”

O PT tem lido bastante sobre Goebbels ultimamente so pode... rs

Mais uma fala do manteiga que me da calafrios, só propaganda!

Chamar o cara de petista é forte. Temos que manter o nível e evitar ofensas pessoais.
O JP só lança comentários bem embasados contra líderes de países que são imperialistas e arrogantes para implicitamente colocar no mesmo saco com os ditadores sanguinários e os corruptos de esquerda, que ele guarda no coração com carinho pela força revolucionária. Todo se pareceria na ótica "Che Guevara da Lapa". Mas com muita informação...

Alex desta vez discordo radicalmente da imagem que vc postou

A julgar pelas últimas falas, o Mantega não tem 4 orelhas de burro, muito pelo contrário, na verdade ele tem 2 rabos.

JP, vc chega a ser um cliche...o intelectualoide esquerdinha recalcado.

Yankee

O editor do site austriano brasileiro te citou e criticou, segue :

""Agora, em geral não existe também uma conexão estável entre preços e outros agregados monetários. Também é bem complicado o controle de outros agregados monetários pelo banco central (M1, M2 etc)."

Que o controle dos agregados monetários pelo Banco Central seja um tanto difícil é algo indiscutível. Agora, simplesmente dizer que "não existe também uma conexão estável entre preços e outros agregados monetários" é algo não apenas incompleto, como totalmente enganoso. Para ver se existe tal relação, é metodologicamente incorreto apenas comparar a evolução de um agregado com a evolução dos preços. Você não pode ignorar o crescimento econômico real ocorrido no período.

Explico.

Se a oferta monetária fosse fixa, os preços tenderiam a cair -- e é essa queda em potencial que você está ignorando. Assim, para termos a exata noção do efeito de uma expansão monetária sobre os preços, temos antes de considerar qual seria a queda potencial nos preços caso essa expansão monetária não tivesse ocorrido.

Para ficar mais claro: suponhamos que, em uma economia qualquer, na qual a oferta monetária fosse fixa, os preços no mercado caíssem naturalmente 5% ao ano. Agora, suponha que um banco central tenha sido criado e que, já no ano seguinte, ocorresse um aumento de 5% nos preços em relação ao ano anterior. Nesse cenário, os economistas diriam que a inflação foi de meros 5%. Mas isso estaria errado. A inflação não foi de meros 5%. Para sabermos a real inflação ocorrida, temos de comparar esse novo nível de preços com o nível que ocorreria caso não tivesse ocorrido uma expansão monetária -- isto é, caso o banco central não tivesse sido criado.

Assim, tomemos como base o ano anterior à expansão monetária. O nível de preços seria 100 (apenas para facilitar os cálculos). No ano seguinte, caso tudo continuasse como antes -- isto é, com oferta monetária fixa -- haveria uma queda de 5% nos preços. Logo, o nível de preços seria de 95. Porém, como houve uma expansão monetária e os preços subiram 5%, o nível dos preços foi de 105.

Qual a inflação real do período? Ora, se o nível de preços era para ser de 95, mas foi de 105, então a inflação real do período foi de 105/95 = 10,5%. Ou seja, nesse exemplo simples, a estatística oficial, ao declarar inflação de apenas 5%, declarou menos da metade da real inflação de preços ocorrida na economia.

Portanto, sempre que você vir um IPCA indicando 6,5%, pense em como ele seria caso não tivesse havido expansão na quantidade de dinheiro na economia. Se a economia tiver produzido 5% a mais de bens e serviços, então o IPCA teria de ser de, por exemplo, -5%. A diferença entre -5% e 6,5% (106,5/95 = 12,1%) foi a real inflação de preços ocorrida.

Traduzindo: jamais se deve ignorar os efeitos insidiosos da inflação. Analisar apenas índices de preços é algo um tanto afastado da realidade. Caso tenha ocorrido expansão monetária, mesmo que uma economia apresente 0% em algum índice de inflação, ainda assim houve inflação de preços -- haveria deflação na ausência dessa expansão.

Quando houver algum trabalho acadêmico que faça essa devida correlação, tenha a bondade de nos informar."

"O" porfavor responda a esse texto do austriano .. abraço

João Paulo Rodrigues (26/02/2013 às 11:39),
Valeram suas intervenções aqui. Raramente na blogosfera eu cheguei a concordar inteiramente com você, ainda que mais das vezes estivéssemos se não do mesmo lado ideológico pelo menos de lado muito próximo.
E sem querer discordar de que George Washington e a ampla maioria dos founding fathers tivessem horror à democracia, penso que talvez tenha sido com eles que se iniciou a proteção às minorias. Proteção que me parece ser a grande superioridade da democracia moderna em relação à democracia quando no seu berço na Grécia Antiga (Entendendo-se democracia moderna como democracia representativa e democracia na Grécia Antiga como democracia direta).
Pode até ser que esta proteção tenha originado do temor (ou terror se a concordância permitir) da vontade majoritária do povo, mas é uma proteção que alcança as minorias que nem sempre são poderosos econômicamente.
E lembro também que quando falam da superioridade da democracia americana, eu, para mostrar que isso deve ser considerado dentro do contexto histórico, menciono que havia um artigo (Para dirimir conflitos de competência) nela que autorizava o senhor de escravo a entrar em outro estado da federação para caçar escravo fugitivo.
Quanto ao fato de eu considerar que os founding fathers pensaram na proteção de minorias faço a indicação do “Federalista nº 9” e “nº 10” (Você, como historiador, deve conhecer os textos há mais tempo) que só vim a ler recentemente após indicação de Danilinho, um comentarista que apareceu em um post no blog de Luis Nassif, em discussão que tive com ele no post "O futuro do PSDB na era pós-Serra" de segunda-feira, 20/08/2012 às 08:00 (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-futuro-do-psdb-na-era-pos-serra?page=4).
Quanto à Argentina, de onde originou a sua intervenção parece que estão acusando a turma de lá de maquiagem de dados sem atentar que os dados precisam manter certa relação. Se o PIB é menor do que o que eles informam, como ficaria a carga tributária? Se a carga tributária (percentual do PIB) é maior então como foi que o governo conseguiu este feito (Carga tributária elevada com administradores incompetentes)? Bem, aqui alguém pode alegar que foi por serem incompetentes que eles aumentaram a carga tributária. Se for assim, então se pode dizer que José Sarney foi mais competente do que Fernando Henrique Cardoso porque com José Sarney a carga tributária saiu de 24% para 22% e com Fernando Henrique Cardoso a carga tributária foi de 28% (fim do Governo Itamar) para 32%.
Clever Mendes de Oliveira
BH, 26/02/2013

Sinceramente, eu nao tenho paciencia ou tempo livre para dialogar com austrianos. Sao tao loucos quanto os quermesseiros, mas diferentemente dos quermesseiros, nao tem poder ou influencia alguma.

mas responde aqui mesmo, por favor.. missão civilizatoria, eu sei, mas o q ele escreveu me deixou em duvidas sobre agregados monetarios e BC

"JP, vc chega a ser um cliche...o intelectualoide esquerdinha recalcado."
Errado! Infelizmente errado! Recalcados somos nós. Recalcados são os que criticam o populismo e a ignorância econômica da esquerda. Quem defende está na moda, no poder. Quem acha que existe um atalho para fugir de trabalho/poupança/educação/eficiência/produtividade/austeridade, que confia no "projeto" baseado no pós-marxismo e tocado pela coligação PT-PMDB está na onda. Chile e os USA estão errados, certos estamos nós.
Daniel

"O"

http://mises.org.br/Article.aspx?id=1296 ultimo comment.. responde ele

O problema em discutir com quermesseiro (e austriano) é que eles fazem um retrato totalmente equivocado sobre o que o que é chamado por ambos de "mainstream" e depois rebatem em cima desse retrato equivocado. Acaba saindo um texto que sequer tem um ponto... a pena no caso dos austrianos é que a ideia de ciclos econômicos, onde um aumento da oferta monetária pode distorcer os incentivos de investimentos e causar investimentos ruins (o que pode ser adaptado para bolhas) é uma ideia muito interessante, que poderia ser trabalhada. Só que não evolui porque a maioria esmagadora dos austrianos é uma espécie de quermesse com o sinal trocado e acha que matemática é uma invenção comunista.

"a pena no caso dos austrianos é que a ideia de ciclos econômicos, onde um aumento da oferta monetária pode distorcer os incentivos de investimentos e causar investimentos ruins (o que pode ser adaptado para bolhas) é uma ideia muito interessante, que poderia ser trabalhada"

tu realmente acha isso uma idéia interessante? a ja sei, interessante no mesmo sentido em que as Ilíadas é interessante, mitologia grega é interessante etc

JPR, você acha que o escravocrata seria equivalente ao corrupto de hoje? Pergunto sem provocação.

Sério, não sei. Algo me diz que é pior, posto que falamos da degradação de seres humanos. Afinal, já na época evocava um ultraje moral (em alguns poucos, é verdade) do que a corrupção como a conhecemos. Por outro lado, também estava nascendo a indignação com a corrupção. Aliás, um dos polos dos quais emergiu esse entendimento de que o uso do Estado para enriquecimento pessoal foi o Reino Unido da segunda metade do século XVIII, e já li em algum lugar que o movimento abolicionista vinculava o horror do tráfico à imoralidade da elite política britânica que se locupletava no Parlamento. Mas isso é um exercício, feito aqui meio às pressas.

jpr

O inicio obviamente se refere a independencia do melhor pais do mundo ( tenta nao se irritar )!

Vc realmente esta dando uma de intelectualoide, quanta verborragia! nao foge da jumentice que vc falou...nao tem nada de Tocqueville...Eu estou falando de John Adams, muito antes dele como tinha de ser, mas esse nao eh o ponto.

Grande parte do sucesso americano ( tenta nao se irritar ) veio dessas tais instituicoes que ja estavam presentes la no " we the people...", respeito a propriedade, direitos individuais, poder descentralizado, etc...

Democracia eh um conceito meio vago, muito perigoso e que sem o tal respeito aos direitos individuais da minoria , nao foi capaz de evitar genocidios.

Anonimo cabotino



"O",

Surtou? Como é que suas sinapses te fizeram sair de uma simples colocação em perspectiva da grandiosidade de George Washington para esse papo de maluco misturando Zizek, PT, Cuba e Revolução Americana? Você é discípulo do Mendes Fradique?

É difícil saber, pela sua ardorosa defesa do que não foi atacado, o quão pouco instruído você é no assunto, mas existem, aparentemente, duas opções para a grandiloquência vazia do “direitos políticos tão BEM distribuídos quanto na América”: “bem” como melhor do que as alternativas, e “bem” como “bem sucedido”. Em qualquer dos dois casos, você, com o infantil ardor dos dogmáticos, ignora alguns inconvenientes. Como se sabe, não havia outro "Estado-nação" no mundo, mas os conflitos sobre direitos populares tinham mais ou menos um século e era clara a perspectiva de que um governo que emergisse em nome desses direitos poderia levar ao sufrágio universal (como a outra revolução além-Atlântico logo demonstraria). Entre as alternativas, venceu a mais restritiva, a que mantinha as práticas coloniais que estavam enraizadas na discriminação religiosa (só vota quem é da minha seita) e na mistura de práticas aristocráticas e práticas do mercado (só vota quem tem renda ou quem tem determinada participação societária). Talvez essa restrição seja o que você entende por “boa distribuição”. Mas talvez seja o da estabilidade. Nesse caso, apenas uma enorme boa vontade com um sistema que foi democratizado a despeito dos intentos aristocratizantes iniciais, que evitava enfrentar o poder escravista e falhou em prevenir uma guerra que quase levou ao fim da tal “América”, permite tal avaliação seletiva.

Caso haja uma outra alternativa, não está clara no que você escreveu. Espiroqueie menos. Ajuda na exposição.

Caro JP,

A outra revolução além Atlântico se inspirou em grande parte na Revolução Americana.

No que não se inspirou, se tornou um inferno de derramamento de sangue, desandou em uma ditadura militar e foi precursora (via comuna de Paris) da Revolução Bolchevique que foi uma tragédia de proporções monumentais.

Foram as decisões de George Washington que fizeram os EUA se tornar o que se tornou ao invés de mais uma ‘república’ como aquelas ao sul do Rio Grande. Portanto, digo que George Washington foi um gigante entre os políticos em qualquer tempo.

Pelo que eu entendo do seu argumento, você teria mais admiração por ele se ele tivesse começado uma guerra contra o Sul para libertar os escravos. Com todo respeito que você merece, isso é boçal. Ele não tinha nem os meios materiais para fazer isso. Ou se os founding fathers não aceitassem estados escravistas, que garantia eles teriam que os estados do Sul não se tornariam uma base para uma invasão inglesa?

In my unpolished Gringo imitation: ‘He was a f*cking giant and that is why America is America and the likes of Mexico/Brazil/Venezuela are Mexico/Brazil/Venezuela.’

“O”

"O",

Sim, Washington foi um grande político. Certamente deixou um legado positivo. É bastante discutível, todavia, que ele seja o principal responsável pelos aspectos mais marcantes da Revolução Americana.

Mas não dá para ser: tudo que deu certo é prova da genialidade do cara e tudo que deu errado é prova de que ele era um homem cercado de circunstâncias. You can't have it both ways. Mais: a história não é uma sucessão linear de causas e efeitos. Apenas se formos bastante seletivos.

Um exemplo apenas de como as vias são tortuosas: o genocídio perpetrado pelos nazistas provavelmente não seria da magnitude que foi se não fosse pela ideia da linha de montagem e dos princípios gerenciais modernos do capitalismo (Ford e Hitler, aliás, eram notórios admiradores mútuos), não fosse pela prática da moderna limpeza étnica inventada pelos americanos na primeira metade do século XIX contra os índios, não fosse pela criação do campo de concentração pelos britânicos na gerra contra os boeres (*), nem pela eugenia, cujo principal campo de aplicação foram os EUA do início do século XX, principalmente em relação aos negros.

A bit of a chock, I suppose, hmmm? Pois é, a história tem desses paradoxos.

Até a próxima pancadaria.

(*) aqui, se quiser, pode incluir o Camarada Stalin no balaio.

"O",

Sim, Washington foi um grande político. Certamente deixou um legado positivo. É bastante discutível, todavia, que ele seja o principal responsável pelos aspectos mais marcantes da Revolução Americana.

Mas não dá para ser: tudo que deu certo é prova da genialidade do cara e tudo que deu errado é prova de que ele era um homem cercado de circunstâncias. You can't have it both ways. Mais: a história não é uma sucessão linear de causas e efeitos. Apenas se formos bastante seletivos.

Um exemplo apenas de como as vias são tortuosas: o genocídio perpetrado pelos nazistas provavelmente não seria da magnitude que foi se não fosse pela ideia da linha de montagem e dos princípios gerenciais modernos do capitalismo (Ford e Hitler, aliás, eram notórios admiradores mútuos), não fosse pela prática da moderna limpeza étnica inventada pelos americanos na primeira metade do século XIX contra os índios, não fosse pela criação do campo de concentração pelos britânicos na guerra contra os boeres (*), nem pela eugenia, cujo principal campo de aplicação foram os EUA do início do século XX, principalmente em relação aos negros.

A bit of a chock, I suppose, hmmm? Pois é, a história tem desses paradoxos.

Até a próxima pancadaria.

(*) aqui, se quiser, pode incluir o Camarada Stalin no balaio.

Ford-capitalismo, EUA e os britânicos inventaram respectivamente o genocídio, limpeza étnica e os campos de concentração?? É muito bom aprender com você, JP!
O mundo seria tão lindo sem eles.
Daniel