teste

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Gol contra


Em seu excelente livro, “Sob a Lupa do Economista”, Carlos Eduardo Soares Gonçalves e Mauro Rodrigues relatam um estudo de Luis Garicano e Ignacio Palacios-Huerta avaliando a eficácia da regra que passou a premiar a vitória no futebol com 3 pontos ao invés de 2. A motivação por trás da mudança era bastante simples: ao elevar o retorno da vitória relativamente ao empate, a FIFA pretendia estimular o jogo ofensivo e, portanto, a média de gols por jogo (aqui tomada como medida de qualidade do esporte).

Garicano e Palacios-Huerta, no entanto, comparando jogos do campeonato espanhol (em que pontos ganhos determinam o campeão) a jogos da Copa do Rei (onde pontos são irrelevantes) não conseguiram achar diferenças significativas no número de gols por partida. A explicação para este comportamento reside, como de hábito, na estrutura de incentivos.

Embora haja estímulo adicional para buscar o gol quando o jogo está empatado, a partir do momento que um time abre o placar, os incentivos se alteram: agora o custo de sofrer o empate é a perda de 2 pontos, contra a perda anterior de apenas 1 ponto. Assim, times que saem na frente tenderiam a abandonar a estratégia ofensiva mais frequentemente sob a nova regra relativamente à antiga, hipótese que não é rejeitada pela evidência.

Ainda que isto pareça mera curiosidade, a lição não poderia ser mais clara. Os agentes, sejam times de futebol, empresas, ou trabalhadores, não ficam passivos face a alterações no ambiente institucional (as “regras do jogo”); pelo contrário, se adaptam a elas de maneiras muitas vezes imprevistas, não raro frustrando seus objetivos originais.

Tal lição se torna ainda mais importante à luz da discussão recente sobre os mecanismos de persistência da inflação que vem ganhando força nos últimos meses. Depois de passar um longo período relativamente ausente, este tema retornou ao debate no começo de 2011 numa intensidade não vista desde 1999 (superando, inclusive, o observado em 2008). Forma-se um consenso que a indexação, problema que se acreditava superado, voltou a fazer parte das preocupações da sociedade (e do BC) neste momento.

Invoca-se a “cultura da indexação” e outras explicações de cunho sociológico (ou psicológico) para esclarecer o fenômeno, mas a verdade é que, fosse esta a razão última para tal comportamento, ele não teria perdido importância no passado, nem ganhado relevância ultimamente. É mais provável que possa ser explicado, como no exemplo acima, pela reação dos agentes ao perceberem a mudança nas “regras do jogo”, no caso, no próprio comportamento do BC no que se refere a seu comprometimento com a meta de inflação.

De fato, a percepção que o BC tende a acomodar os desvios da inflação com relação à meta, estendendo o período de convergência, é equivalente à noção que a política monetária permitirá maior persistência da inflação. Não é absurdo, portanto, que, dada esta informação, os agentes econômicos se adaptem ao novo ambiente, trazendo de volta as práticas de indexação características de um passado nem tão remoto (e, diga-se, a regra para reajuste do salário mínimo também fornece um exemplo nada virtuoso no que se refere a este tema).

Em outras palavras, as dificuldades para a política monetária que advêm das práticas de indexação de preços e salários não caíram do céu, mas resultam precisamente da percepção de maior permissividade do BC relativamente à inflação.

Não fosse isto ironia suficiente, sabe-se também que, na presença de indexação, são maiores os custos para reduzir a inflação em termos de perda de produto. Ou seja, para não pagar hoje os custos do ajuste, elevam-se os custos à frente, e não será surpresa caso estes sejam invocados no futuro como motivo para estender adicionalmente o prazo de convergência.

Não há mudança de regra que justifique gol contra.


(Publicado 27/Abr/2011)

domingo, 24 de abril de 2011

Anais da imbecilidade - X

Não vou nem comentar: o texto fala por si.

A falsa ciência dos juros

SÃO PAULO - Em maio de 2003, resumi alentado estudo do FMI, enviado pelo leitor Jacques Dezelin, que desmonta a sabedoria convencional sobre o efeito de aumentos na taxa de juros.

O FMI examinou 1.323 casos de 119 países no período 1982/98. Na maioria dos casos examinados, a inflação caiu, tenha o respectivo Banco Central aumentado, diminuído ou mantido a taxa de juros. Em 62,18% dos 476 casos examinados, o juro caiu e a inflação também. Em apenas 50,75% de 398 situações, deu-se o que a sabedoria convencional espera, a queda da inflação após aumento dos juros. O leitor tirou a lógica conclusão de que há um "caráter meramente aleatório na relação (ou melhor, na ausência de relação) entre a variação da taxa de juros fixada pelo Banco Central e a inflação".

Publicado o texto, vieram dois telefonemas. Um do então ministro da Fazenda Antonio Palocci, que queria saber quem era o leitor que compilara os dados. O outro de Antonio Delfim Netto, então deputado e sempre tido como grande mestre da economia, que pediu as tabelas do FMI e acabou chamando Dezelin para conversar.

Ou seja, tanto um semileigo em economia, como Palocci se confessava, como um mestre mostraram interesse em saber mais sobre um desafio à sabedoria convencional, em evidência cristalina de que economia não é ciência exata, ao contrário do que querem fazer crer certos economistas.
Alias, Delfim Netto nunca disse outra coisa, sejamos justos.

Conto tudo isso para dizer que não há ciência nas críticas ao BC por ter aumentado 0,25% a taxa de juros, em vez do 0,50% exigido pelos mercados. Ninguém pode decretar o efeito que terá o 0,25% ou que teria o 0,50%.

Senta, pois, leitor, que o leão pode ou não ser manso, mas ninguém sabe antecipadamente.

sábado, 23 de abril de 2011

Atestado de imbecilidade

O problema da escassez de capital humano no Brasil não cansa de me surpreender. Disse um certo economista da sub-academia circense brasileira:

“Eu gostaria que o BC pusesse um piso para a taxa de câmbio e fosse desvalorizando esse piso de forma gradual, a uma taxa de 2% a.m, até eliminar a sobre-valorização cambial.”

Como é que nós deixamos um analfabeto econômico desses ensinar nossos jovens?

Especuladores prometem esperar o Real depreciar gradualmente sem engasgar ou engolir.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lies, damn lies, and statistics

Na categoria "enrolando com os dados", o mapa abaixo, tirado de uma apresentação do Ministério da Fazenda, lidera com folga a apuração em 2011 (pelo menos até a presente data). Segundo o mapa, a aceleração da inflação (isto mesmo, a segunda derivada dos preços) no Brasil está entre as menores do mundo. Não bastasse a óbvia falsidade dos dados (espera-se, pelo Focus, que a inflação no Brasil atinja algo como 0,4% a mais que no ano passado), o mapa dá a entender que a situação inflacionária dos EUA é pior que a Argentina.

Finalmente, a versão para colorir (infelizmente já colorida)
Pergunto ao Leo Monastério: vale o Prêmio Eço?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Smith, Ricardo e o lobo

A “falácia do valor adicionado” é uma das manifestações mais comuns do analfabetismo econômico. Geralmente se expressa como indignação pelo país exportar alguma matéria-prima (minério, petróleo, algodão) ao invés de seu correspondente manufaturado (aço, gasolina, têxteis), clamando a seguir pela atuação do governo para: (a) desvalorizar o câmbio; ou (b) taxar as importações de manufaturas; ou (c) taxar as exportações de matérias-primas; ou (d) dar crédito subsidiado à produção local; ou (e) subsidiar diretamente a produção local; ou (f) todas as alternativas anteriores.

Embora as políticas acima tenham como efeito inequívoco o benefício de poucos em detrimento de muitos, são comumente apresentadas como de “interesse nacional”, mas não é esse o caso. Para entender isso, vamos usar um exemplo obviamente irreal, que, todavia, ajuda revelar a estrutura básica do problema.

Imagine que haja 100 trabalhadores disponíveis e cada um possa produzir 2 toneladas de minério de ferro, ou meia tonelada de aço. Por outro lado, cada tonelada de aço, produto de maior valor agregado, vale duas toneladas de minério. Como deveriam então ser distribuídos os trabalhadores entre a produção de aço e minério, considerando que o país precisa de 25 toneladas de aço?

À primeira vista bastaria empregar metade dos recursos para a produção de minério e metade para a produção de aço, obtendo assim 100 toneladas de minérios e as requeridas 25 toneladas de aço.

Há, contudo, uma alternativa melhor: todos os trabalhadores poderiam ser empregados na produção de minério, gerando 200 toneladas, das quais 50 poderiam ser trocadas por 25 toneladas de aço. Mesmo concentrando a produção no bem de menor valor adicionado, obtém-se o aço necessário, mas com um saldo maior de minério de ferro (150 toneladas contra 100) do que na primeira opção.

O exemplo é confessadamente imaginário e os números foram escolhidos para mostrar um caso em que o foco na produção do bem de menor valor adicionado gera resultados superiores. Ainda assim, ele revela verdades importantes. Vale mais produzir minério do que aço em nosso exemplo porque a produtividade relativa (2 toneladas/trabalhador no primeiro setor versus 0,5 tonelada/trabalhador no segundo) supera o preço do aço em termos de minério (2 toneladas de minério por uma de aço). Não é difícil concluir que seria mais vantajoso empregar todos os recursos na produção siderúrgica apenas se o preço do aço ultrapassar 4 toneladas de minério por uma de aço.

Como, porém, podemos saber se a produtividade relativa entre os setores supera, ou não, o preço relativo desses dois bens? Basta observar o comportamento das empresas: face à alternativa de produzir minério ou aço, qual é a atividade escolhida? Dado que empresas privadas, em geral, não estão no negócio de rasgar dinheiro, a escolha mais lucrativa revela a relação entre preços e produtividade.

No entanto, seria esse comportamento míope, dado que a empresa estaria preocupada apenas consigo mesma, e não com “os interesses do país”? Não. No primeiro caso, temos a produção de 100 toneladas de minério e 25 de aço, que, ao preço de 2:1 equivale a um PIB de 150 toneladas de minério (ou 75 de aço). No segundo caso, o PIB equivale a 200 toneladas de minério (ou 100 de aço), mostrando que a otimização individual também implica otimização para a sociedade como um todo.

Assim, a menos que se consiga mostrar que há custos (ou benefícios) envolvidos na produção dos diferentes bens não plenamente refletidos nos preços (por exemplo, se uma atividade é mais poluidora que a outra), a solução de mercado revela a forma mais eficiente de produção. Os “interesses do país” serão melhor servidos se aprendermos a respeitar os resultados da busca pelo interesse individual, coordenados pelo sistema de preços, não pelo intervencionismo governamental. 

Hmmm... Minério....
(Publicado 12/Abr/2011)

sábado, 9 de abril de 2011

Now and then (dica do "The Anchor")

Mantega vê IPCA com alta de 0,45% em março

17 de março de 2011 | 11h 46
BRASÍLIA - A economia brasileira já apresenta desaceleração e a inflação está em queda, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega nesta quinta-feira, acrescentando que, neste mês, O IPCA deve fechar o mês com alta de 0,45 por cento.
"A economia está desacelerando em alguns segmentos, mais forte no setor de serviços, e portanto de modo a caminhar para o crescimento de 5 por cento que nós estamos prevendo", afirmou Mantega ao chegar ao Ministério da Fazenda.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, usado como parâmetro para o regime de metas, subiu 0,80 por cento em fevereiro e 0,83 por cento em janeiro, pressionado pelos preços dos alimentos e por reajustes sazonais.
(Reportagem de Isabel Versiani) 

IBGE: inflação pelo IPCA é de 0,79% em março

07 de abril de 2011 | 9h 11

RIO - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,79% em março, ante 0,80% em fevereiro, segundo informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do intervalo das estimativas dos analistas, que esperavam taxa de 0,54% a 0,78%. A mediana das previsões estava em 0,70%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,44% e, nos 12 meses encerrados em março, o índice acumula variação de 6,30%.
- A inflação de março vai ser 0,45%
- Ih, não foi!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

6% à procura de um autor

Quem leu o último Relatório de Inflação deve ter notado uma inovação importante na forma de decomposição da inflação. Tradicionalmente o Banco Central dividia a inflação de determinado ano em cinco elementos: (a) a inércia da inflação anterior; (b) o efeito das expectativas; (c) o repasse cambial; (d) os “preços livres”; e (e) os “preços administrados”, destes dois últimos já deduzidos os efeitos da inércia e do câmbio. A esses, porém, juntou-se um componente denominado “choque de oferta”, devidamente descontado dos preços livres, representando um terço da inflação registrada em 2010. Sob a nova decomposição pouco mais de um quarto da inflação de 2008 decorreria do “choque de oferta”, enquanto em 2009 o “choque” teria contribuído para reduzir (modestamente) a inflação daquele ano.

O BC observa que a política monetária ótima não deve reagir aos efeitos primários do choque de oferta, mas se concentrar em evitar que estes se propaguem para os demais preços da economia, em particular os salários, impedindo que um choque inicialmente localizado se torne um processo inflacionário consolidado.

Para ilustrar o problema, nota que os preços de commodities, medidos em reais, se aceleraram no final de 2010, o que caracterizaria um choque de oferta. Assim, diz o BC, não caberia à autoridade monetária ajustar sua política para combater diretamente tal fenômeno, justificando a reação acanhada do Copom face à deterioração tanto da inflação corrente quanto da esperada (seja o Focus, sejam a próprias projeções do BC, que saltaram 0,6% entre dezembro e março).

No entanto, há dois problemas com este argumento. O primeiro, como notei em artigo neste espaço (“Vivendo em negação”, 3/2/2011), é que o comportamento dos preços de commodities medidos em reais resulta quase que integralmente da política do próprio BC, ao tentar estabelecer um piso informal para o valor do dólar. Enquanto até o trimestre final do ano passado o aumento dos preços internacionais de commodities era, em larga medida, compensado pela resultante apreciação do real, a dinâmica de câmbio quase fixo adotada a partir do final do ano passado permite a transmissão plena dos aumentos internacionais para preços domésticos. Neste sentido, a política cambial é inconsistente com o regime de metas e causa direta do desvio para cima da inflação.

Adicionalmente, classificar o aumento dos preços de commodities como um choque de oferta é um excesso de autoindulgência. Como nota o BC, um choque de oferta “negativo – por exemplo, apagão elétrico, quebra de safra, aumento do preço do petróleo – contrai a oferta e pressiona a inflação para cima”. Aprendemos no curso de Introdução à Economia que este processo pode ser ilustrado como um deslocamento para a esquerda da curva de oferta (de OO para O’O’, mostrando que, para qualquer nível de preço a quantidade ofertada se torna menor, como mostrado no gráfico), levando simultaneamente à queda da quantidade e aumento dos preços. Tal fenômeno é consistente com uma perda de renda da economia como um todo.

Por outro lado, é difícil caracterizar o aumento dos preços de commodities como um processo que implica perda de renda para o Brasil. Concretamente, os consumidores locais perdem por conta dos preços mais elevados, enquanto os produtores ganham. Entretanto, como o país é exportador líquido de commodities, deve, por definição, produzir mais do que consome, de modo que o ganho dos produtores supera a perda dos consumidores, gerando um efeito positivo.

Esse constatação basta para descaracterizar o recente aumento de preços de commodities como um choque de oferta. Pelo contrário, como se traduz em expansão da renda, isto caracteriza um choque (positivo) de demanda, expresso no crescimento concomitante de preços e quantidades.

Abusando um tanto da autopropaganda, lembro aos 18 leitores que, também neste espaço, mostrei uma estimativa algo grosseira do ganho de renda resultante da melhora dos termos de troca (a razão entre os preços dos produtos exportados e importados pelo país) por conta da elevação do preços de commodities. Tomando como referência a média dos últimos 30 anos, a estimativa, atualizada até fevereiro deste ano, sugere que o aumento dos preços de commodities trouxe um ganho da ordem de US$ 60 bilhões (2,9% do PIB) nos 12 meses terminados em fevereiro. A mesma estimativa feita em junho do ano passado indicava um impacto ao redor de US$ 34 bilhões (1,8% do PIB), ou seja, nos últimos 8 meses o Brasil ganhou do resto do mundo um presente superior a US$ 25 bilhões/ano. Se isso é um choque de oferta, eu quero muitos iguais a ele.

Controlar a inflação já é tarefa suficientemente complicada quando os conceitos estão no lugar. Quando são distorcidos para justificar a leniência com o problema, aí a empreitada se torna muito mais difícil. 
De quem são estes 6%?
(Publicado 7/Abr/2011)


terça-feira, 5 de abril de 2011

Mutatis mutandis (ou, poupando o trabalho da "The Economist")


Five years ago a shipload of iron ore bought 2,200 flatscreen TVs, says Glenn Stevens Alexandre Tombini, governor of the Reserve Bank of Australia (RBA) Brazilian Central Bank (BCB). Now it buys 22,000. The terms of Australia Brazil's trade—the price of its exports, relative to the cost of its imports—have improved by 4235% since 2004. Commodity booms have come and gone in Australia Brazil’s history but no boom this strong has lasted this long (see chart 1).
(...)
How long will the commodity boom last? Demand, especially in China and India, should continue to strengthen as these countries require more steel, food and fuel. However, some of that demand may be unsustainable, argues Warwick McKibbin, an outside member of the RBA’s rate-setting board. Policymakers in some emerging economies have been too reluctant to tighten monetary policy in advance of America’s Federal Reserve, he points out. This monetary ease showed up quickly in flexible commodity prices, but has yet to feed through into the price of other goods, such as manufactures, many of which Australia Brazil imports. When these stickier prices eventually rise, Australia Brazil’s terms of trade will deteriorate, even if they do not go back to 2003-04 levels.
The other blade of the scissors is supply. Australia Brazil is investing heavily in new mines, quarries and gas oil fields. And it is not alone. “There is no shortage of coal and iron ore around the world,” says Chris Richardson of Deloitte Access Economics in Canberra. With prices so high, miners will eventually unearth it. “All the more reason to make hay while the sun shines.”
As Australia Brazil rushes to make hay, some worry that it will forget how to make everything else—an antipodean version of “Dutch disease”, in which a natural-resources boom boosts currencies and hurts manufacturing exports. In March the Australian Manufacturing Workers’ Union São Paulo Industrial Federation launched “Manufacturing: Australia Brazil’s Future”, a campaign demanding R&D incentives, more apprenticeships, and “buy Australian Brazilian” requirements for government projects. In a February survey of manufacturing chief executives, 93% said their exports cannot compete when the Australian dollar Brazilian Real buys more than $1 $0.5. On March 31st, it bought $1.033 $ 0.62(see chart 2).
A strong currency is, however, necessary to keep inflation in check. As prices rise quickly in Australia Brazil's booming industries and regions, the RBA BCB can meet its inflation target only if prices elsewhere fall. Over the past 18 12 months the RBA BCB has raised its key interest rate by 1.75 3.00 percentage points. (...)
In principle the RBA BCB could change its inflation target (...) One outside economist even floated the idea with the RBA BCB. “They just started talking about cricket apparently jumped into the badwagon,” he said.
One reason may be that Australia Brazil is close to full employment. The jobless rate is 5 6% and projected to fall. (...) If the country is fully employed, its boom industries cannot grow unless other industries shrink. No tinkering with monetary policy will change that.
Australia Brazil could bring some relief to squeezed exporters by saving, not spending, the proceeds of the boom. That would reduce the inflationary pressure at home, resulting in lower interest rates and a cheaper exchange rate.