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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os espantalhos do Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano

Poucas coisas me irritam mais do que argumentos desonestos, como o uso de espantalhos.

Alguns dias atrás, o deputado Raul Jungmann, que me pareceu admirável em outras ocasiões, formou um time com o Professor Oreiro, o economista pós-keynesiano, e um outro professor e juntos produziram uma das argumentações mais vergonhosas que li nos últimos tempos (*).

Escrevem Jungmann, Oreiro e o outro:

O discurso neo-liberal [...], ainda defendido por economistas ligados ao setor financeiro, se baseia nas seguintes proposições: (a) o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas que permitam o livre-funcionamento do mercado,

Começam bem, admito... Caracterização correta! A falta de reformas microeconômicas é certamente um importante empecilho para o desenvolvimento econômico do Brasil. Segundo, o Doing Business do Banco Mundial, o Brasil é o 129° país em termos de facilidades para se fazer negócios, atrás até da China Comunista (89°). Segundo o índice de liberdade econômica do Heritage Foundation, existem 112 paises (entre eles, o Cambodia e a Nicaragua!) na frente do Brasil. As reformas microeconômicas para um melhor livre-funcionamento do mercado, não tenho dúvidas, são fundamentais se e quando o Brasil quiser se juntar ao grupo das economias desenvolvidas.

(b) o controle da inflação é o principal objetivo da política econômica,

Espantalho! Não conheço um único economista que concorde com essa sentença. Na realidade, é provável que nem o professor Oreiro acredite em seu espantalho, afinal ele mesmo caracterizou a visão neo-liberal como acreditando que “o maior problema do Brasil é a falta de reformas microeconômicas”.

(c) para controlar a inflação, os juros serão inevitavelmente altos devido ao “risco-país” e aos problemas fiscais,

Espantalho! Não conheço um único economista que concorde com essa sentença. Primeiro, o risco-país é um problema do passado, já que nosso spread já se reduziu consideravelmente.

Segundo, não são apenas problemas fiscais (que existem!) que impediram uma queda maior da SELIC ano passado, mas sim a ausência de liderança política em Brasília capaz de desmontar tanto o sistema de crédito dirigido que alimenta os bolsos de nossa plutocracia quanto as garantias de retorno mínimo para a caderneta de poupança.

(d) o “desenvolvimento econômico” é uma competição entre os países para obter “poupança externa”;

Espantalho sem-vergonha! Somente alguém completamente incapaz de sentir vergonha para escrever uma estultice dessas. Não conheço um único economista que acredite em uma asneira dessas. Qualquer economista que não come feno no café da manhã sabe que o processo de desenvolvimento econômico é primeira e ultimamente governado pela evolução do nível de produtividade na economia.

“logo, os déficits em conta-corrente e a apreciação da taxa real de câmbio não são problemáticos, mas são necessários para o “desenvolvimento” do Brasil devido a nossa dependência externa.”

?!? Uh-huh... Mein gott...

(*) Efeito de más companhias?

19 comentários:

tanto texto acadêmico para se comentar e o sr. escolhe um rascunho de guardanapo.

Faltou colocar a referência completa e o possivel link para leitura.

Sinceramente, acho que o sr. oreiro não merece tanta atenção como vcs lhe dão. Ele não é respeitado nem por heterodoxos, para os quais ele não passa de um picareta caça-paper.

Querido "O"
Conteste o artigo do Lessa no Valor de hoje, se tu é macho!Grande abraço.

Quais seriam as reformas microeconômicas fundametais?

Carlos Lessa!?

E por quê você acha que eu devo participar de diálogo inter-espécies?

A utilização da técnica de definir pensamentos contrários (a moda agora é neoliberalismo)erradamente e de acordo com seus interesses é uma desonestidade acadêmica e intelectual que deveria já estar em desuso (mas isto para quem tem honestidade intelectual).

“Carlos Lessa!? E por quê você acha que eu devo participar de diálogo inter-espécies?”

Com a descoberta do fogo (Prometeu acorrentado!) e seu uso no cozimento dos alimentos, a mandíbula dos primatas regrediu significativamente, liberando espaço na caixa craniana para o crescimento do cérebro e o conseqüente advento do Homo Sapiens. Assim, o que parece a você, prezado “O”, uma questão transcendental, é meramente uma questão de “espaço”, milímetros cúbicos a mais, às vezes. A História, sempre tardiamente, é que decide — e ensina lições de humildade. A arrogância (e os punhais!) já ganhou muitas batalhas, mas não se firmou como instrumento de evolução, pelo menos até aqui… É claro que, se o homem desaprender o uso do fogo, ou o fogo sumir-se, a mandíbula “poderá” crescer novamente: os arrogantes poderão voltar a ter vez!
Grande abraço.

Só lembrando, o experto em ineficiências microeconomicas foi por em prática sua teoria lá na Direçao de uma empresa de reseguros. Haja ineficiência!

obs: empresa estatal, obviamente, não?

Vc pode nao concordar com o Lessa, mas o cara é bom demais... Duvido alguem saber tanto de economia brasileira quanto ele...

Enquanto o "O" ficava escrevendo essas e outras baboseiras no blog, o Oreiro teve 5 artigos aceitos na última Anpec.

Chamem de caça-paper ou como quiserem, mas trata-se de feito invejável entre os pares da academia.

Será inveja?

Pelo que sei o texto é do ano passado e a "experiência", felizmente, foi única.
Parece que houve uma certa ilusão do RJ achando que bastava ter do lado um "acadêmico". Já descobriu que não é o "acadêmico" quem importa, mas a "qualidade" dele.
Naquele momento o Oreiro havia mudado o foco. Ele vinha escrevendo uma série de textos "de apoio" às falas econômicas do governo. Foi neste período que ele escreveu o texto defendendo a mentira como forma de política pública. Por algum motivo ele inverteu o rumo e acabou escrevendo esta rara peça.
Parou alí. Melhor para todos.

"A falta de reformas microeconômicas..."

Falar é fácil, assumir posiçoes é outra postura. Pula do armário, meu chapa.

"Vc pode nao concordar com o Lessa, mas o cara é bom demais... Duvido alguem saber tanto de economia brasileira quanto ele..."

hahaha... genial. Ele deve ser o mestre dos disfarces entao.

tio O, o link tá errado, tem um http a mais...

"Enquanto o "O" ficava escrevendo essas e outras baboseiras no blog, o Oreiro teve 5 artigos aceitos na última Anpec.
Chamem de caça-paper ou como quiserem, mas trata-se de feito invejável entre os pares da academia.
Será inveja?"

Oh Sr., será que você não ve que a maioria dos artigos que você esta falando são de alunos de pós-graduação e ele apenas assina como co-autor (caroneiro).

Abs,

Caro “O”

Li o texto do PPS. São 6.532 caracteres sem espaço. Desse total, 5.128 caracteres são utilizados para diferenciar o “nós” e o “eles”.

Pouco menos de 4/5 do artigo é utilizado para dizer o que o novo-desenvolvimentismo NÃO é em relação a “neoliberalismo”, “populismo”, “velho-desenvolvimentismo”.

Escrever ou falar em negativo é um velho truque retórico. A armadilha consiste em atacar os supostos ou verdadeiros oponentes, obrigando-os a deslocarem-se do exame do objeto (o que é o novo-desenvolvimentismo) para posições de defesa. Isto é, os autores distinguem o novo-desenvolvimentismo pelo o que ele supostamente NÃO seria em relação a o que não menos supostamente seriam o “neoliberalismo”, o “velho-desenvolvimentismo”, o “populismo”. Esses elementos são apresentados valorativamente como negativos e agregados ao texto como se fossem coisas certas e completamente consensuais, não restando sobre elas quaisquer dúvidas ou questionamentos. Então, o debate devidamente desfocado do objeto passa a girar em falso com base no “diz que diz”, do “nós” contra “eles”.

Obviamente, se eu quiser saber o que é em economia “ortodoxia” ou “neoliberalismo” (supondo, apenas para efeito de exemplo, que tais classificações correspondam de fato à representação de objetos), eu prefiro perguntar a você ou ao Alexandre. Após ouvir o que ambos têm a dizer, eu pesarei as palavras para somente depois formar um juízo sobre tais elementos (os gregos associaram a sabedoria à coruja, o pássaro de Minerva, que só levanta voo ao anoitecer). O mesmo vale para pensamentos sobre economia que não caberiam nas caixinhas de classificação devidamente etiquetadas com “neoliberalismo” ou “ortodoxia”. (aviso aos chineses que não sabem ler e perceber a ironia como recurso estilístico na língua portuguesa: a última frase foi uma crítica ao pensamento burocrático e classificatório)

Enfim, somente nos últimos três parágrafos os autores vão efetivamente ao objeto “novo-desenvolvimentismo”. Finalmente, eu pensei, vou saber no que consiste a novidade anunciada pelo texto escrito a três mãos. No entanto, os três parágrafos pouco esclarecem, e o objeto permanece para mim obscuro. No meu entendimento, faltou iluminação sobre o objeto e sobrou ataque aos supostos ou verdadeiros oponentes. Não que seja contrário aos debates. Mas antes de entrar em algum eu quero saber quais objetos estão em discussão.

Nos três últimos parágrafos sobram enunciados/conceitos mas faltam as devidas respostas/definições. Relativamente ao “primeiro eixo da estratégia novo-desenvolvimentista”:

1. O que é e como se dará o “fortalecimento da capacidade competitiva das empresas nacionais a nível mundial”?
2. O que é e como se dará o “fortalecimento do Estado como instrumento de ação coletiva da nação”?
3. O que é e como se dará “a adoção de regime cambial que garanta um câmbio competitivo para as empresas nacionais”?
4. O que é e como se dará “financiamento a custo baixo para o investimento em capital fixo e para o capital de giro das empresas”?

Quanto ao “segundo eixo da estratégia novo-desenvolvimentista”, quem em sã consciência é contrário a tudo o que ali está enunciado? Não há um efetivamente um “segundo eixo”, mas sim um conjunto de enunciados com os quais qualquer pessoa sensata concordaria, independente das classificações “ortodoxia”, “neoliberal”, “populismo”, “velho” ou “novo” desenvolvimentismo.

Reformas microeconômicas, por que são importantes? Se tem algo que sempre me despertou atenção foram os tais dos teoremas do bem-estar em economia. Temos dois. O primeiro e o segundo. Se há espaço para políticas públicas, ambos os teoremas clamam apenas por uma coisa: ambiente competitivo. Se tem, portanto, algo que um bom governo possa fazer, fora as decisões políticas que toma pelo desejo expresso da ampla maioria, tirando certas atividades do mercado (de preferência poucas), como previdência, saúde, educação e segurança, por exemplo, é exatamente animar o ambiente econômico com competição pra todos os lados. O mundo competitivo é plural. Traz oportunidades para todos. Traz progresso, pela luta incessante de sobreviver às disputas ferrenhas pelo lucro que fomenta nos agentes econômicos. Traz aumento do progresso, porque é a inovação e o aumento da produtividade que faz crescer os salários e lucros. Mas cadê que falam das nossas? Vou começar a desancar: A primeira é o cartel da Petrobrás que define preço do petróleo, gasolina, álcool, biodiesel, gás e tudo o mais que cair na sua malha fina de combustível ou como lenha na fogueira dos produtos relacionados ao petróleo. A sua prática é ímpar. Nem Hugo Chaves consegue tal coisa. Para quem não lembra, ele, o caudilho bolivariano, reclamou do Lula e do presidente da Petrobrás quando da conversa sobre os investimentos da estatal petrolífera venezuelana no Brasil: preço quem dita é o mercado ! (pasmem ou pastem ,sei lá). Os sindicalistas brasileiros queriam e querem preços administrados. Nesse funil do CADE, onde malandros aos montes estão sentados confortavelmente em cadeira conselheiras, não querem ouvir e muito menos falar das mazelas da Petrobrás. Dirão: é uma empresa estratégica. Agora, imaginem o impacto da liberação do Proálcool das mãos dos paulistas, cada um dos brasileiros perdidos nesse Brasilzão produzindo e vendendo álcool onde quiser e pelo preço que quiser. Certamente botaria lenha no crescimento e na distribuição da renda. Na mesma linha, temos a turma da regulação. Conseguiram aumentos de tarifas que batem com sobra na inflação. A regra simples: preço igual ao custo marginal. Garantir rentabilidade real de 11% é coisa de bandido. Mercado nesses cachorros. Veja também o sistema bancário. Exigem pedágios milionárias para criação de novos bancos e promovem a concentração bancária amalucada, em falar no próprio sindicato, um aborto econômico. Malandro que agora é autoridade monetária comprou com dinheiro do povo banquinho falido e só quis 49% das ações. Eu que pensei que pudesse dar cadeia, deu foi promoção. Veja o BNDES que dá dinheiro a torto e a direito para os donos do poder, salvando sempre as empresas dos velhos generais,coronéis e até sargentos dessa gang de patentes compradas que habita o poder há anos. Veja o caso das tarifas para importação. Falam que para importar carro temos que pagar algo como 80% a mais em tarifas e taxas e não podemos importar carro usado. Tudo indica que a importação de certos itens pertencem a certos empresários. Creio que para os automóveis vale essa regra. Isso sem falar em fábricas que estão sendo desativadas, porque simplesmente importam tudo e produzem apenas o rótulo (veja alhures declaração do chefe do sindicato das industrias de bens de capital ). Tem mais coisas sobre ineficiências, como as que o Scheinkman falava. Mas até ele cansou desta bosta que é o Brasil, pois só foi dar uma pequena estocada na FIESP que a turma resolveu cortar seu uisque. Eu também tô ficando desanimado, principalmente pela perseguição cretina que sofro. Saber matemática não garante a ninguém que será economista e muito menos que será honesto. Você acha que o Nassif iria postar este comentário? Nem você “O” postou nada sobre ineficiências microeconômicas. Quem quer ser paleoliberal tem que saber que, mexendo em interesses de bilhões, vai incomodar, atraindo todo tipo de amigos e inimigos. O pior, é quando o inimigo está dentro da própria casa.

Concordo com quase tudo que você disse desta vez. Seja lá o que você tomou hoje de manhã, você deve continuar tomando.

Chutando a Lata - Olá, quem é vc?

Parágrafo - Oi, eu sou o Parágrafo. Não me conhecia?